Governo do Acre realiza I Fórum estadual de partilha da Educação de Jovens e Adultos

Acre

09.10.2025

“Estou inscrito no ENEM e quero fazer veterinária”. Essa afirmação foi feita por Valdemir dos Santos, estudante da segunda etapa do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola Raimundo Gomes. Assim como ele, mais de 16 mil alunos estudam nessa modalidade de ensino.

Valdemir dos Santos participou, na noite desta terça-feira, dia 7, da abertura do I Fórum estadual de partilha da EJA, que aconteceu no auditório do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O evento também comemora um ano de adesão do Estado e dos 22 municípios acreanos ao pacto nacional pela superação do analfabetismo.

Da solenidade de abertura participaram, além do próprio Valdemir Santos, também o secretário-adjunto de ensino da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), Sebastião Flores, a vice-presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Fátima Miranda, a coordenadora pedagógica da Undime, professora Eliane Leite e o chefe do Departamento da EJA, Jessé Dantas.

O Fórum estadual de partilha da EJA é um momento para se promover o espaço qualificado de diálogo, de troca de experiências, além do fortalecimento das políticas públicas voltadas à educação de jovens e adultos, uma iniciativa que visa a construção coletiva para a superação do analfabetismo.

Já quanto a história de Valdemir Santos se entrelaça às milhares que acontecem com os estudantes da EJA. Quando criança, morava ao longo da rodovia Transacreana e não teve a oportunidade de estudar. Logo se casou e voltou à sala de aula somente em 2023, ingressando na alfabetização.

“Minha experiência com a EJA tem sido muito boa porque foi onde eu comecei a me alfabetizar, fiz o Enceja e fui para o ensino médio e agora estou na segunda etapa. Então, a EJA mudou a minha vida como pessoa, como trabalhador e até como me comunicar melhor”, disse.

Experiências exitosas

O chefe do departamento de educação de jovens e adultos da SEE, professor Jessé Dantas, explica que além de debater sobre as políticas públicas, também uma troca sobre as experiências exitosas em relação a EJA. Além disso, lembra, no final do encontro será traçado um plano de ação para o próximo ano.

“Além das experiências exitosas também estaremos analisando os desafios um elaborando um plano de ação para a superação do analfabetismo e a qualificação da EJA, que é justamente o que diz o pacto nacional pela superação do analfabetismo, essa valorização da modalidade”, disse.

Ele lembrou que o Acre foi um dos primeiros estados a aderir ao pacto nacional. “Lá em junho de 2024, quando o pacto foi lançado pelo governo federal, o Acre foi um dos primeiros Estados a aderir a essa política nacional, justamente por compreender a necessidade dessa modalidade de ensino”, destacou.

“Com isso, tivemos muitos avanços, avanço no número de alunos atendidos, avanço no número de escolas que ofertam essa modalidade e também um aumento da oferta nos 22 municípios, tudo isso graças ao pacto firmado por todos os dirigentes da educação do nosso Estado”, disse.

Responsabilidade de todos

De acordo com a coordenadora pedagógica da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, seccional Acre (Undime/Acre), professora Eliane Leite, ofertar a modalidade da educação de jovens e adultos é responsabilidade de todos os 22 municípios acreanos.

“Através de articuladores, formadores regionais, coordenação pedagógica, estamos compartilhando um ano de pacto, de desafios, de conquistas e traçando as metas para que a gente conclua 2025 e que nós venhamos a planejar 2026. Esse é o momento que estamos no processo de construção, a partir de hoje, iniciar o plano de ação por regionais”, explicou.

“Oportunidade que não tive”

Quem também faz questão de agradecer a EJA é seu Vilcimar Castro de Souza. Ele estuda na escola Luiza Batista de Souza. “Estudar na EJA está sendo uma experiência muito boa, que eu nem sei como explicar direito, porque foi a oportunidade que não tive quando era jovem”.

Natural de Tarauacá, veio para Rio Branco e aos dez anos foi ajudar o pai, que era carpinteiro. “Por isso, está sendo muito gratificante porque o que eu aprendo só quem tira é Deus e mais ninguém”, faz questão de dizer.

Na juventude, diz que não conseguiu estudar, além do trabalho, também em decorrência da rebeldia. “Eu cai um pouco na vida, mas graças a Deus me recuperei e hoje tenho família, tenho netos e não tenho o que reclamar da EJA, ela tem mudado a minha vida demais, adquiri um conhecimento que há seis meses eu não tinha”, afirma.