Mato Grosso
05.12.2025
Rayane Alves | Seduc-MT
Com encerramento nesta sexta-feira (5), as Salas Anexas da Escola Estadual Maria Esther Peres, em Vila Rica, sediaram ao longo da semana, o VII SEMEC – Seminário Estudantil do Ensino Médio do Campo – e a III Jornada de Iniciação Científica, reunindo estudantes e professores das comunidades Beleza, Caxangá, São José, Ipê, Santaninha e Santo Antônio em torno do tema “Construindo o pensamento científico na perspectiva da educação no campo”, em um dos principais eventos acadêmicos da região.
A abertura contou com apresentações culturais e palestra da professora e coordenadora Vânia Horner de Almeida, que destacou o campo como “um laboratório vivo, onde a pesquisa nasce das perguntas sobre a terra, a água, o trabalho e a vida cotidiana”. Segundo ela, o evento reafirma que “o território rural também é lugar de ciência, de direitos e de futuro”.
Durante a programação, os alunos apresentaram estudos que dialogam diretamente com a realidade local. Entre os destaques, a pesquisa “Lixo no Projeto Beleza” investigou os impactos da ausência de coleta de resíduos, enquanto o estudo “Entre sonhos e oportunidades” analisou o caminho dos jovens da comunidade Ipê após concluírem o Ensino Médio.
Questões relacionadas à convivência escolar e saúde emocional também ganharam espaço. O trabalho sobre bullying no contexto rural apontou os efeitos do problema na autoestima e rendimento dos adolescentes, e a pesquisa sobre redes sociais discutiu como o uso intenso da internet influencia identidade, comportamento e relações nas comunidades do campo.
Projetos ligados à agroecologia e à economia local completaram a mostra científica, com estudos sobre o cultivo do pequi, produção de látex, beneficiamento de água mineral e o projeto “Horta escolar”, que integra ciência, sustentabilidade e geração de renda. As eletivas de Agroecologia e Agricultura Familiar promoveram feiras com produtos cultivados pelas próprias famílias.
Para os professores, o SEMEC é um espaço de crescimento profissional e afirmação da educação do campo. “É uma experiência extremamente enriquecedora, que fortalece nosso compromisso com uma escola pública de qualidade”, afirmou a professora Rozelei Rengel. Na mesma linha, a professora Cristiane Silva Moreira avaliou que o evento “ajuda os alunos a vencerem a timidez, enfrentarem inseguranças e aprenderem uns com os outros”.
A professora Eliana José da Veiga Almeida reforçou o caráter transformador do seminário. “O SEMEC promove autonomia, pensamento científico e mostra que nossos estudantes são agentes de mudança em suas comunidades. Cada trabalho revela dedicação e nos dá força para continuar”, afirmou.
Os estudantes também destacaram o impacto do evento em sua formação. “A pesquisa nos faz entender melhor a realidade das pessoas e desenvolver empatia”, disse Helineia Ferreira, do 3º ano da sala anexa da comunidade de Santaninha. Já Vitor Craus Puschmann, da comunidade de São José, destacou as apresentações culturais e a troca entre comunidades: “Saio com a certeza de que o campo tem muito a mostrar”.
Já a estudante Iasmyn Burkoski Vinhadeli, do 3º ano da sala anexa do Ipê, relatou a transformação proporcionada pelo evento em sua trajetória escolar: “O SEMEC nos ensina a fazer projetos, trabalhar em equipe e entender como funciona a pesquisa. Participo desde o primeiro ano e vejo o evento melhorar a cada edição. Hoje, tenho outra visão de mundo graças a essa experiência”.
A diretora Mércia Mendes Torres Morais relembrou como o projeto ganhou força ao longo dos anos: “Quando a Educação do Campo retornou à escola, em 2021, estávamos reorganizando nossa identidade pós-pandemia. Hoje, na 7ª edição, vejo o quanto se tornou essencial para os alunos. É emocionante ver o protagonismo florescendo. Parabenizo todos os estudantes e servidores envolvidos”, finalizou.