Regime de Colaboração
03.12.2018Por Caroline Mesquita
O I Seminário Colabora Amapá Educação acontece nesta terça-feira, 27, no auditório do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Macapá. O evento é organizado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) e visa apresentar os resultados e avanços do primeiro ano do eixo Colabora Amapá Educação — Regime de Colaboração entre o Estado e os 16 municípios amapaenses, que fornece apoio técnico nos eixos administrativo e de aprendizagem, para melhorar os índices educacionais do Amapá e garantir a qualidade e equidade educacional.
O seminário tem como público-alvo secretários municipais de Educação, geos educacionais, câmara técnica, pedagogos e gestores escolares do 1º ao 5º ano do ensino fundamental da rede pública, formadores regionais e formadores municipais. Até o fim do dia serão debatidas políticas públicas de educação e práticas colaborativas que possibilitem escolas públicas amapaenses mais atrativas, inovadoras e de qualidade.
Para somar com essa proposta, a pedagoga e especialista em Políticas Públicas em Educação Básica, Qualidade e Equidade, do Estado de Minas Gerais, Maria Das Graças Pedrosa Bittencourt, palestrou sobre o tema “Política de Alfabetização na Idade Certa”. Para ela, é necessário ter aspirações, uma meta desafiadora na educação, e trabalhar em cima dos dados educacionais, com avaliação diagnóstica, para identificar problemas e corrigi-los. “Dar continuidade é fundamental na política educacional para colher resultados palpáveis”, resume Bittencourt.
Durante a tarde, o público participa de mesas de conversa sobre os primeiros passos do Regime de Colaboração, dificuldades, sucessos e planejamento; formação em Leitura; formação em Matemática e metodologia para trabalhar erradicação na idade certa. Houve, também, medição de perguntas e respostas com o secretário executivo do Movimento Colabora Educação, Guilherme Lacerda.
O Movimento Colabora Educação é uma organização sem fins lucrativos que contribui para a expansão das práticas colaborativas no país no âmbito educacional. “Minha participação no seminário é para trazer um pouco a experiência de outros estados, que trabalham com o regime de colaboração, e também o que está sendo feito no Amapá, pois é uma experiência pioneira nesse tipo de coordenação entre Estado e municípios, superimportante para demonstrar para outros estados”, considerou Lacerda.
Conquistas
Em menos de um ano do lançamento do Colabora Amapá Educação, já é possível visualizar vários resultados, como, por exemplo, a implantação do método de aprendizagem do Programa de Aprendizagem no Amapá (Paap), desenvolvido pelo Governo do Amapá em parceria com o Governo do Ceará. O programa oferta a formação continuada dos professores para que nenhum aluno fique sem saber ler e escrever nos anos iniciais do ensino fundamental até o 5º ano, alfabetizando 100% das crianças.
O objetivo é garantir uma educação sistematizada, intencional e progressiva, através do planejamento, do acompanhamento e da previsão de metas. A coordenadora do Colabora Amapá Educação, Ruimarisa Martins, pontua que o Paap já capacitou mais de três mil professores, dedicados à educação infantil e ao ensino fundamental, que beneficiarão 73 mil estudantes do 1º ao 5º ano. “Foi um ano de conquistas. Conseguimos, também, confeccionar os livros didáticos do Paap, que já estão sendo entregues aos municípios para que todos esses 73 mil estudantes possam utilizar esse material didático”, frisou.
Expectativa
Para o ano seguinte, a expectativa é ampliar ainda mais as parcerias entre Estado e municípios, como a parceria com transporte escolar, para que os estudantes da rede municipal e estadual possam utilizar o mesmo veículo, se for possível. Recursos estes que podem ser economizados e aplicados em outras melhorias na educação.
“Já temos prédios compartilhados, cessão de professores e outros funcionários. A tendência é crescer, e Estado e municípios estarem cada vez mais próximos, buscando a melhoria da aprendizagem no Amapá, a melhoria da nossa educação”, aludiu Ruimarisa.
A professora Cláudia Neveu é um exemplo de cessão de professor no Colabora Amapá Educação. Cláudia é docente da rede estadual há mais de 23 anos, e agora está cedida para contribuir com o município de Oiapoque, lecionando para estudantes do 1 º ao 5º ano do ensino fundamental. Formada também pelo Paap, é tutora de outros professores que atuam nas aldeias indígenas do município.
“Fizemos vários cursos para desenvolver o Paap. E compartilho essa experiência levando formação nas aldeias mais longínquas no Amapá, entre elas do Kumarumâ, Kumenê e Manga. Respeitando a cultura, a diversidade e a especificidade de cada aldeia. O Paap vem colaborar de forma sistemática para uma aprendizagem saudável e eficiente que o Estado vai implantar de fato nas aldeias. Está dando certo!”, avaliou a docente.
No Paap, os professores recebem apoio pedagógico e acessam materiais didáticos estruturados que ajudarão no reforço da alfabetização dos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Esses livros são adaptados do governo cearense, e trazem a valorização da identidade cultural do Amapá e o fortalecimento do trabalho de artistas locais, incluindo obras amapaenses como a do cantor Zé Miguel e poetisa Ane Carvalho. Mais de 500 mil livros adaptados serão distribuídos nos 16 municípios.
Além do material didático próprio do Paap, também serão disponibilizados livros de autores amapaenses para a formação de professores. À exemplo da obra “Meu Canto Conta”, da escritora amapaense Arnely Schulz. O livro será utilizado em uma formação de professores do programa, voltada para a Matemática, para serem trabalhadas em sala de aula no contexto do 3º ano do ensino fundamental, estudando as habilidades e competências da série.
Para a secretária de Estado da Educação, Goreth Sousa, o Amapá vai escrever uma nova história na educação pública com o pacto pela formação dos professores entre Estado e os 16 municípios, e isso resultará, diretamente e positivamente, no aprendizado dos estudantes. “Somos o segundo Estado do Brasil que está verdadeiramente avançando com o Regime de Colaboração, atrás apenas do Espírito Santo, que foi o pioneiro. Só conseguiremos fazer a revolução na educação, se estivermos de mãos dadas com todos os municípios, prefeituras e secretarias de educação, aplicando políticas públicas eficientes, longe de política partidária”, finalizou.
Também participam do encontro a coordenação do Programa de Aprendizagem do Espírito Santo, representantes do Instituto Natura e formadores do Ceará. A programação continua no dia 28 de novembro, com reunião da Câmara Técnica, na Escola de Administração Pública (EAP), e reunião do Conselho Consultivo, na Seed. Nos dias 28 e 29 também acontecem a Formação do Programa de Aprendizagem (PAAP) na Universidade do Estado do Amapá.