Pará
09.09.2024Para debater sobre meio ambiente, Amazônia e valorizar o conhecimento ancestral das comunidades ribeirinhas com foco na representatividade de estudantes da região, a Escola Estadual Monsenhor Azevedo, localizada no bairro da Condor, em Belém, realiza o “VII Encontro de Estudos Amazônicos: Potencialidades e Saberes nos Territórios Ribeirinhos ao Sul de Belém - Um estudo de práticas tradicionais”. A programação começou na quinta-feira (5) e termina nesta sexta-feira (6).
O “Encontro de Estudos Amazônicos” também promove o engajamento e o incentivo do protagonismo juvenil nas discussões sobre a agenda ambiental, sendo fundamental para o contexto atual do Pará, que se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) em 2025, em Belém, um momento em que as questões ligadas à sustentabilidade ganham destaque mundial.
O evento também apresenta a importância do guarumã, uma planta amazônica utilizada para produção de artesanatos a partir de sua tala, como a confecção de cestos, além do aproveitamento das folhas para forrar paneiros que armazenam o fruto do açaí, entre outras utilidades.
Com o objetivo de regionalizar a didática das aulas do componente de Estudos Amazônicos, a professora de geografia e coordenadora do projeto, Maria Helena, tem se empenhado em proporcionar aos estudantes uma experiência que une teoria e prática, além de incentivar a pesquisa científica. Para isso, ela estabeleceu conexões entre o ambiente escolar e instituições de ensino e pesquisa, organizando um evento que promove discussões sobre temas pertinentes à realidade dos estudantes ribeirinhos. A professora conduziu uma pesquisa de campo na Ilha Grande, localizada ao sul de Belém, onde interagiu com a comunidade local para compreender o processo de colheita do guarumã e as práticas produtivas da região. O conceito central que guia seu trabalho é a valorização da tradição e a busca pela sustentabilidade, elementos essenciais para a preservação da cultura e dos recursos naturais.
“Queremos garantir a continuidade do conhecimento ancestral. Essas tradições que fazem parte da trajetória histórica dessas comunidades tradicionais, não podem se perder e a escola se coloca parceira disso. O protagonismo dos estudantes é algo que vem sendo trabalhado, a escola é lugar de protagonismo, e o objeto de conhecimento não é só aquele que o estudante tem que tirar do quadro, ele tem que produzir, tem que participar e colocar a mão na massa, esse que é o jovem protagonista. A escola para nesse dia para discutir a Amazônia”, enfatiza a professora Maria Helena.
Desta forma, a Escola Estadual Monsenhor Azevedo assume um papel ativo na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a preservação do meio ambiente. Como o estudante do 8º ano do ensino fundamental, Edson Trindade, que participou da oficina “Saberes e Práticas Investigativas na Amazônia: como construir um terrário”. “Eu achei ótimo porque nunca havia tido essa experiência. Eu queria muito conhecer a Amazônia e a escola está me proporcionando conhecer a Amazônia de vários tipos. Eu gosto e estou aproveitando todas as atividades ao máximo e eu quero aproveitar a sabedoria sobre a Amazônia e saber cada vez mais, porque é muito importante. Da mesma forma que eu estou aprendendo, eu posso também ensinar", comentou.
Para o diretor da unidade escolar, Paulo Sérgio Álvares, a iniciativa é muito importante para formar uma sociedade mais consciente. “A nossa ideia é fomentar e despertar nos nossos alunos a importância de cuidar do ambiente, principalmente por conta da situação que nós estamos vivendo hoje, das emergências das situações climáticas. Hoje, vivemos queimadas em quase todos os estados do Brasil, enchentes que aconteceram recentemente. Isso tudo faz parte do desequilíbrio do bioma e do meio ambiente, que a Amazônia está aqui como sendo uma das principais fontes, uma das principais reservas de vida natural, principalmente da região florestal, então a nossa juventude, a nossas crianças, a nossa comunidade, tendo a consciência disso, principalmente levantar propostas para que no ano que vem, na COP, aqui em Belém, a gente possa ser um dos protagonistas dessa discussão climática, das soluções”, afirmou.
Entre as oficinas e atividades que os estudantes puderam participar estão: “Nutrição Ribeirinha e Medicina Preventiva: a riqueza dos alimentos amazônicos para a saúde”; “Reaproveitamento de espécies amazônicas: artesanato sustentável”; “Praticando a Sustentabilidade: Reaproveitamento do Caroço do açaí como adubo orgânico no processo de compostagem”; “Arquitetura raio que o parta: releitura a partir do uso de resíduos sólidos”; "Estudos de solos: modo sustentável em direção a região amazônica”; “O mapear da Amazônia: oficina de saber cotidiano sob o viés Socioambiental na Amazônia”; e “A arte do brincar: Brincadeiras Regionais e a sua capacidade de Consciência corporal”.
Segundo a mestranda da Universidade Federal do Pará (UFPA), Rosa Maria Souza, que conduziu a oficina de terrário, os debates e oficinas realizados dentro do “Encontro de Estudos Amazônicos” incentiva a comunidade escolar acerca da sustentabilidade. “É muito importante para os nossos alunos porque traz esses saberes da Amazônia e as oficinas motivam os alunos a conhecer esse processo de educação, esse processo de sustentabilidade que existe na nossa floresta. Essa troca é importante, ainda mais em tempo de COP 30, onde estamos tendo essa oportunidade de divulgar o nosso trabalho, que é feito há muito tempo, e agora a gente está nas escolas, no campo e isso que é importante tanto para a educação e para nós professores de estar trabalhando, porque estamos indo além da teoria”, frisou a educadora.
O VII Encontro de Estudos Amazônicos é mais do que uma celebração; é um passo significativo rumo à construção de um futuro sustentável, onde os saberes tradicionais são respeitados e integrados na conservação. O evento visa promover uma reflexão sobre como as tradições ribeirinhas podem ser aliadas na busca por soluções sustentáveis. Ao valorizar essas práticas, a escola reconhece a riqueza cultural das comunidades locais, assim como estimula uma nova geração de jovens que se comprometem com a defesa da Amazônia.
Texto: Amanda Oliveira / Ascom Seduc