Paraíba
16.09.2015A Escola Estadual de Ensino Fundamental Arlindo Bento de Moraes, da cidade de Santa Luzia,ganhou o prêmio “Educar para a Igualdade Racial e Gênero” na categoria Quilombola, com o projeto “Sou Negro, sim! Construindo a identidade racial pela diversidade, a partir de uma Cultura de Paz”.
No projeto foi desenvolvida uma série de atividades pedagógicas que estimularam educadores e educandos no desenvolvimento de uma prática reflexiva sobre a identidade racial numa escala global, nacional e local, com base nos conceitos da cultura de paz e não violência. “Trabalhamos a partir de uma proposta político-pedagógica que busca contribuir para o desenvolvimento pessoal e coletivo da comunidade escolar, na qual as ações são direcionadas ao estímulo da diversidade e ao convívio pacífico e solidário”, explicou a coordenadora pedagógica da escola, Maria Auxiliadora Cartaxo.
Fizeram parte do projeto o gestor da escola, José Alves dos Santos Júnior, a coordenadora pedagógica Maria Auxiliadora Cartaxo e o professor Horbe Coelho. A equipe do projeto receberá o prêmio nos dias 13, 14 e 15 de outubro na cidade de São Paulo. A escola receberá uma coleção de livros, um notebook e R$ 10 mil. A equipe também participará de uma formação.
O projeto teve como objetivo instrumentalizar os alunos com as ferramentas necessárias para que tivessem consciência da importância e influência da cultura africana na sociedade atual, visando à construção de sua personalidade, seja como afro-descendente ou não. Outro objetivo trabalhado com os alunos foi o de estimular o respeito à diversidade, a partir da valorização da sua origem, sua cultura, sua religiosidade e sua autoestima, com base na cultura de paz e não violência.
Foram desenvolvidas, dentro do projeto, atividades interdisciplinares como palestras sobre temas referentes ao projeto, atividades de campo junto às comunidades quilombolas, construção de grupos culturais na escola utilizando a música, a dança e o teatro, organização de mostras culturais, caminhadas reflexivas para sensibilizar a comunidade, aulas de educação emocional e cultura de paz e não violência a partir da metodologia Liga Pela Paz.
Também foram realizadas atividades que promoveram a participação direta dos alunos nas reflexões e diálogos, na aplicação e interpretação dos textos, poemas, histórias afrobrasileiras, músicas, documentários, vídeos e filmes. As atividades desenvolvidas permitiram ao aluno compreender a diversidade afrobrasileira, com a organização de um encontro cultural, que contou com a exposição e a degustação de comidas de origem africana.
Outras atividades realizadas pelo projeto foram as aulas de campo na comunidade quilombola do Talhado, na cidade de Santa Luzia, com a finalidade de unir a teoria com a prática, através das relações sociais, levando o aluno à compreensão do tema proposto.
A metodologia Liga Pela Paz foi utilizada nas aulas do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental. Nela, nove personagens traduzem valores como amizade, alegria, respeito ao idoso, amor, respeito ao meio ambiente e ao próximo, otimismo, liberdade, paz e solidariedade. A riqueza desses personagens auxilia as crianças a compreenderem suas emoções e a interagir de forma mais harmoniosa com os colegas. Há encenações, danças, músicas, caminhadas reflexivas que aproximam os alunos, tornando-os mais empáticos, compartilhando saberes e emoções, despertando-os, também, para valorização da sua história e compreensão da relação com o outro.
Os resultados alcançados destacam-se nos pontos: envolvimento e integração da comunidade quilombola com a escola; aceitação e autovalorização dos alunos afro-brasileiros da sua origem racial; mudança de atitude do alunado com respeito e tolerância à diversidade racial na escola. Outros resultados alcançados foram a implementação da Lei 10.639/03 nas atividades curriculares e prática pedagógica interdisciplinar, além da formação de banda afro, grupo de capoeira e banda de percussão.
“Os educadores perceberam, também, uma significativa mudança no comportamento de seus alunos, destacando a importância da educação emocional e social para a redução da violência e melhoria da aprendizagem. Os alunos apresentam-se mais focados, calmos e participativos e interagem com amigos e adultos de forma mais alegre, comunicativa e respeitosa”, finalizou Maria Auxiliadora Cartaxo.