Mato Grosso
18.11.2022Ações de conscientização contra a prática do trabalho análogo à escravidão entraram na rotina de alunos, professores e profissionais da Educação da Escola Estadual Tarsila do Amaral, em Colniza. Eles participaram, na última sexta-feira (11.11), do Projeto Escravo Nem Pensar. O evento é o resultado de uma atividade desenvolvida por 30 professores e 508 alunos durante um semestre do atual ano letivo.
Com três salas da escola especialmente decoradas para o evento, a comunidade estudantil apresentou peça de teatro, vídeos, trabalhos manuais e experimentos sobre o Universo. Denominadas Sala de Arte, Sala de Ciências e Sala de Educação Física, os espaços atraíram também a comunidade. “Registramos a presença de mais de 400 pessoas da comunidade, além de uma participação consistente do Grêmio Estudantil”, destacou a coordenadora pedagógica, Nelba Neida Correa Andrade.
Segundo ela, professores e alunos produziram todo o conteúdo com a finalidade de refletir sobre o tema trabalho escravo, conscientizando sobre o risco do aliciamento. “Essa prática precisa ser denunciada pelas famílias e a comunidade como um todo”, alerta Nelba.
Um dos momentos mais emocionantes foi após a exibição do filme ‘Pureza’, que retrata o trabalho escravo rural e como acontece o aliciamento para que imigrantes caiam em situação de escravidão. Os alunos do 4º Ano B do Ensino Fundamental representaram o filme em peça de teatro. Além disso, fizeram uma performance com a música ‘Ilê Perola Negra’, junto com os alunos do 4º ano A.
Já os alunos do 1º Ano A e B, apresentaram a música ‘Vendedor de Amendoim’, representando o trabalho escravo infantil. A música ‘Vida de negro’ foi apresentada por estudantes do 3º ano A e B, com coreografia que lembrava uma Roda de Capoeira representando o período de escravidão dos negros africanos no Brasil (1500 – 1888).
A apresentações continuaram com a turma do 5º ano B, com a paródia da música ‘Tô nem aí’ que, por sua vez, retratou a escravidão contemporânea. Os alunos do 6º ao 9º Ano promoveram palestras e debates sobre as pessoas que são aliciadas para o tráfico humano ou de drogas.
No entendimento de Nelba Neida, esse trabalho é importante na medida em que prepara a futura geração a não cair em situação de vulnerabilidade, fortalecendo o senso crítico e a conscientização sobre os direitos como trabalhadores. “Um advogado convidado fez a palestra sobre o tema trabalho infantil, explicando aos alunos seus direitos e o que eles podem fazer enquanto menor aprendiz”.
“Promovemos a leitura de livros e artigos sobre a escravidão de mulheres para a prostituição, trabalho escravo rural e urbano, trabalho infantil, escravidão de imigrantes para trabalhar em lavouras, em garimpos e pedreiras”, finalizou Danúbia Martins, também coordenadora pedagógica da escola.
O projeto é uma parceria da Ong Repórter Brasil com o Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-MT) e contou com a colaboração da diretora Liliane e da assessora pedagógica, Tadna Rios.