Pernambuco
16.05.2018A Escola Conselheiro Samuel Mac Dowell, situada em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR), apresentou, nesta terça-feira (15), para a Fundação Roberto Marinho e Secretaria de Educação do Estado (SEE), a primeira turma inclusiva do projeto Travessia. Os estudantes inauguraram a sala onde estudam o módulo 1 do ensino fundamental, com a presença de representantes dos dois órgãos.
A turma é composta por 15 estudantes de educação inclusiva e 15 estudantes do Travessia, um projeto de correção de fluxo fruto de uma parceria entre a SEE e Fundação Roberto Marinho. De acordo com a gestora da escola, Waldereze Nascimento, até pouco tempo, a unidade de ensino possuía uma sala de educação especial, onde somente os alunos com deficiência estudavam. Desde a resolução que garante a educação inclusiva, a gestão da Escola Conselheiro Mac Dowell tentou extinguir a sala, distribuindo esses estudantes para salas comuns, como forma de cumprir a legislação.
“Mas a comunidade resistia. Os pais não queriam que seus filhos com deficiência estudassem com os outros por medo de violência e preconceito. A gente não desistiu. Nos reunimos com eles diversas vezes, até que encontramos na metodologia lúdica, atrativa e acolhedora do Travessia uma oportunidade de incluir esses jovens”, contou a gestora.
Após apresentar a metodologia para os pais, responsáveis e alunos do Travessia, e obter a aceitação de todos, a gestão iniciou, em abril deste ano, o módulo 1 do projeto, e já vem colhendo bons resultados da experiência. “Está sendo incrível o dia a dia desta turma. Os estudantes da correção de fluxo abraçaram os alunos de educação inclusiva de um jeito muito bonito. É um experimento enriquecedor e veio para provar a todos da comunidade escolar e comunidade do entorno que é possível construir uma escola cidadã, democrática, para todos, independentemente das diferenças”, acrescentou Waldereze.
A turma possui uma psicopedagoga, uma pedagoga, um professor de humanas e outro de exatas, que devem atender ao projeto Travessia e aos assistidos pela educação inclusiva, portadores de deficiência cognitiva, intelectual e física. A escola ainda conta com uma sala de recursos multifuncionais para atender as demais necessidades desses estudantes com deficiência. Para Ana Paula Ferreira, mãe da aluna Emanuele Ferreira, que tem baixa visão, a sala veio para alimentar os sonhos da família em ver a adolescente se tornar uma adulta independente.
“Antes, ela não conversava muito, tinha vergonha, não tinha vontade de escrever, de estudar. Agora, ela chega em casa todo dia e abre o caderno, escreve, interage com a família e está bem mais feliz. Eu não sabia que uma pequena mudança ia fazer tanta diferença na vida dela. Só tenho a agradecer a escola pela iniciativa”, declarou. Colega de turma de Emanuele, Edgar Ferreira, do Travessia, acredita que a junção das turmas veio para ajudar os dois grupos de estudantes. “A gente está correndo atrás dos anos perdidos da nossa vida escolar, e eles querem nos acompanhar, crescer, ter uma profissão. A gente tem o interesse, e eles, a criatividade, a alegria de viver. É um ajudando o outro”, frisou.
Marcele Cavalcanti, da Fundação Roberto Marinho, enxergou a experiência com entusiasmo. “Se essa iniciativa se tornar maior do que isso futuramente, a gente vai ter que rever todo o nosso material didático, planejamento e metodologia. Fiquei muito feliz com essa ideia e quero acompanhar de perto as aulas para aprimorar todo o conteúdo que será repassado para esses estudantes. O mais importante a escola já tem: a vontade. Então, vamos trabalhar juntos para somar”.