Rio Grande do Norte
30.09.2024A formação continuada dos educadores é um dos temas centrais do II Encontro Estadual de Educadoras e Educadores do Campo Potiguar, iniciado na tarde de hoje (30), em Natal, e que vai até o dia 2 de outubro. A abertura do evento contou com a presença da governadora Fátima Bezerra. Sob o tema “Partilhar Experiências, Construir Diretrizes”, o evento reúne educadores da rede estadual, professores de ciências agrárias, estudantes de licenciatura em Educação do Campo e educadores populares ligados a movimentos sociais.
A Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC), através do Núcleo de Educação do Campo e Diversidade (NECAD/SEEC) é a responsável pelo encontro, que tem como objetivo fortalecer a formação continuada dos educadores e a construção coletiva das diretrizes orientadoras para a Educação Básica no campo, considerando tanto os contextos escolares quanto os espaços não escolares, como associações comunitárias e em acampamentos. Essa prática é fundamental para garantir a proximidade entre educadores e estudantes, o que facilita a aprendizagem e reduz a evasão escolar nas comunidades rurais e assentamentos.
Durante sua fala na abertura do evento, a governadora Fátima Bezerra enfatizou a diversidade presente no sistema educacional, destacando a necessidade de atenção especial para diferentes contextos, como a educação de jovens e adultos, educação do campo, indígena e quilombola. "Temos que pensar a educação em sua totalidade, desde a creche, a pré-escola, o ensino fundamental, o ensino médio e até a universidade, sempre levando em consideração a diversidade de contextos", ressaltou.
A chefe do executivo estadual concluiu seu discurso saudando a mesa e reiterando a importância de avançar em um projeto macro, que contemple todas as etapas e particularidades da educação no estado, lembrando das contribuições do educador Paulo Freire. “A Educação tem que acontecer em todos os locais do nosso RN. Estamos trabalhando para ampliar esse acesso”, frisa Fátima Bezerra.
Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 59 escolas do campo, sendo uma delas indígena, e aproximadamente 763 professores que atuam nessas comunidades, valorizando a cultura local e promovendo práticas como agroecologia, reciclagem e construção de hortas. Além disso, as escolas envolvem os estudantes na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento de tecnologias sociais, integrando o saber científico com as práticas cotidianas.
“Este encontro representa um importante momento de reflexão, partilha e construção coletiva de diretrizes orientadoras para a Educação Básica no campo, abordando tanto os contextos escolares quanto os não escolares. A SEEC reafirma seu compromisso em garantir uma educação pública de qualidade, que valorize as práticas pedagógicas e a cultura das comunidades rurais, indígenas e quilombolas, promovendo a inclusão, o respeito à diversidade e a valorização do saber popular”, frisa Cleonice Kozerski, secretária adjunta da Educação do RN.
O evento reúne abordagens voltadas para a Educação Escolar Indígena e Quilombola, Agroecologia, e apresenta experiências exitosas de escolas do campo no estado. Entre os palestrantes convidados, estão Fatima Ribeiro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/ES), e Melquisedeque Fernandes, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), que abrirão o encontro com a conferência “Marcos Conceituais da Educação do Campo”.
Outro momento de destaque será a Conferência de Encerramento, que abordará “Políticas para Educação do Campo”, com a presença de Socorro Silva, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC).
Vanuza de Macedo, coordenadora pedagógica e educadora da Escola Estadual do Campo Marta Pernambuco, localizada no Assentamento do Rosário, em Ceará-Mirim, destacou a importância do evento. Segundo ela, este é um "momento ímpar" para o fortalecimento da educação no campo, especialmente em um contexto de retomada das políticas públicas voltadas para a área.
"Estamos trazendo de volta as políticas de educação para o campo, com o objetivo de implementá-las de forma concreta nas escolas que se identificam como escolas do campo no Rio Grande do Norte", afirmou Vanuza.
Ela também ressaltou que um dos maiores objetivos nesse processo é garantir a participação ativa dos educadores e gestores escolares. "Precisamos fortalecer esse debate e levar as discussões para o chão da escola, onde ocorre a construção das diretrizes curriculares e do Projeto Político-Pedagógico (PPP)", concluiu.
O encontro também trará à tona importantes discussões sobre a inclusão de territórios indígenas, quilombolas e assentamentos de reforma agrária na política educacional.
Política Pública
Ao longo do atual governo, o fortalecimento da educação do campo ganhou impulso com a reativação do Comitê Gestor do Campo (COGEC), a criação das comissões estaduais de acompanhamento das políticas de educação escolar indígena e quilombola, além da efetiva participação no debate da educação do campo em 59 escolas da rede estadual. A SEEC também tem contribuído na coordenação da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq), buscando garantir uma educação inclusiva e contextualizada para os povos do campo.
Atualmente, a rede estadual de ensino mantém 40 turmas de Educação de Jovens e Adultos no Campo (EJA Campo), atendendo cerca de 600 jovens, adultos e idosos, e oito turmas do Projovem Campo, com 110 estudantes de comunidades quilombolas e assentamentos.
Além das autoridades citadas, estiveram presentes no evento Ivanilson Maia, secretário adjunto do Gabinete Civil; Cícero Araújo, secretário adjunto de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF); José Paulino Filho, coordenador pedagógico do Instituto Presidente Kennedy; Márcio Maia, coordenador do curso de Licenciatura em Educação do Campo do IFRN Canguaretama; Sandra Cândido, coordenadora do Núcleo de Educação do Campo e Diversidade (NECAD); Luan Santiago, representando a Subcoordenadoria da Educação de Jovens e Adultos (SUEJA); Jocélia Silva, diretora de Mulheres da Federação dos Trabalhadores do Rio Grande do Norte (FETARN); José Cosme Oliveira, coordenador nacional do setor de Educação do Movimento Libertação dos Sem Terra (MLST); Glauciane Pinheiro, coordenadora de Desenvolvimento Escolar (CODESE); Valter Leite, dirigente nacional do setor de Educação do MST; Wiliane Soares, dirigente nacional do MST no Rio Grande do Norte e Inês Helena, pesquisadora da Fapern.