Práticas da escola
03.11.2017A Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), por meio da Coordenação de Ensino Rural, realizou uma mostra das atividades e das práticas exitosas realizadas pelas escolas, sobretudo as de difícil acesso, ao longo do ano letivo, na quadra da escola Heloísa Mourão Marques.
De acordo com o coordenador de ensino rural da SEE, professor Ricardo Oliveira, são ao todo 67 escolas que apresentam trabalhos, todas de Rio Branco, sendo 24 com gestão e 43 com classes multisseriadas e com o Programa Asas da Florestania.
Entre elas estão Santiago Dantas, Major João Câncio, Ruy Azevedo, São Pedro I, São Camilo, Uirapuru, Orvalho da Floresta, Tiago Lindoso, Recife I, Cumaru, Novo Paraíso, Maria do Carmo Dias e Ercília Feitosa.
Os trabalhos apresentados são projetos desenvolvidos por professores e alunos, como jogos didáticos, projetos de leitura, jogos matemáticos, portfólios, cadernos de produção, dramatizações, exposições, contos, poemas e até receitas de medicamentos alternativos da própria floresta.
Ricardo Oliveira faz questão de dizer que o grande objetivo das apresentações é mostrar que as escolas rurais realizam tantos trabalhos, projetos e exposições quanto as escolas da zona urbana. “E todos esses trabalhos com grande qualidade e dedicação das equipes”, explicou.
Na escola Santiago Dantas, por exemplo, localizada na km 15 da rodovia AC 90 (Transacreana), os alunos levaram um sistema solar montado pelos próprios estudantes e também um insetário, com espécies capturadas pelos próprios alunos, onde eles tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre ciência.
A Escola Recife I, uma das mais distantes, localizada à margem do rio Iaco, levou um projeto de reciclagem de lixo e um trabalho dos alunos sobre os medicamentos alternativos utilizados na própria comunidade.
Um bom exemplo de trabalho realizado na zona rural é a escola Ruy Azevedo, que este ano ficou em 9º lugar, etapa estadual, no Prêmio de Gestão Escolar (PGE), tendo sido a única de Rio Branco a ficar entre as dez melhores escolas do Acre.
Lendo para todos
Entre os trabalhos desenvolvidos pelas escolas, um que chamou a atenção foi o da aluna Dioneide da Silva Oliveira, que está no terceiro ano do ensino médio pelo Programa Asas da Florestania e coordenado pela professora Eva Oliveira, da escola Uirapuru.
Trata-se de um projeto onde os alunos, na própria comunidade onde residem – o São Bernardo, realizam a leitura para os pais, pois a maioria não sabe ler e nem escrever. Por outro lado, ouvem as mais diversas histórias de vida, aprendendo também sobre o próprio local onde vivem.
Quanto a Dioneide, ela fará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já na próxima semana e pensa cursar Pedagogia. Após formada, pretende voltar para a comunidade e ensinar a leitura para as crianças e, se preciso, também para os adultos.
Para isso, ela tem vencido muitas dificuldades. Anda diariamente meia hora por dentro da mata até chegar à escola. “Como moro no Cachoeira e a escola fica na São Bernardo, tenho que andar por dentro da mata todos os dias, mas estou vencendo estas dificuldades”, faz questão de dizer.