Sergipe
01.03.2018As mãos sujas de terra têm sido uma rotina para alunos do ensino médio em tempo integral do Centro de Excelência José Rollemberg Leite. Há três anos, uma iniciativa do professor de Biologia Fernando Leite transformou um espaço abandonado da unidade de ensino em uma horta, onde os estudantes têm aprendido mais sobre as plantas e colocado os conhecimentos da sala de aula em prática.
Quando a disciplina eletiva “Do Mato ao Prato” teve início, a horta já existia, mas a partir da sua implementação, houve uma ampliação no tamanho da horta e um maior engajamento dos alunos e professores. Fernando Leite explicou que no ano passado o projeto ganhou mais força, e os estudantes passaram a participar de todo o processo, desde a semeadura, passando pelo transplante, colheita e higienização dos produtos.
No local são plantadas espécies como hortelã miúdo, hortelã graúdo, rúcula, couve, coentro, cebolinha, cebola, pimenta, pimentão, macaxeira, entre outras. A maior parte das sementes são compradas, mas atualmente algumas já estão sendo produzidas na própria horta.
Aproveitamento
O aproveitamento do que se produz na horta vai muito além das aulas práticas. “A gente aproveita a horta e ministra aulas de botânica, anatomia e ecologia para os alunos. Mas cerca de 70% do que produzimos aqui a gente aproveita na merenda escolar. O excedente, a gente vende nas feiras livres do bairro e em restaurantes da cidade”, explicou o professor Fernando Leite.
De acordo com o professor, o sucesso do projeto se deu graças ao apoio do Estado, o engajamento dos alunos e o auxílio dos professores e também dos funcionários da escola. “O secretário Jorge Carvalho apoiou a nossa horta liberando verba para a irrigação motorizada, e isso foi essencial para a manutenção do projeto. Outro fator importante é a ajuda dos vigilantes da escola, que nos feriados e finais de semana irrigam a horta. Fora isso, se não fosse o protagonismo dos alunos, o projeto não teria dado certo”, disse.
O professor de Biologia Antônio Celso de Freitas, que também faz parte dessa ação, destacou que esse é um trabalho interdisciplinar envolvendo Biologia, Química, História e Matemática. Como exemplos de conteúdos aprendidos, ele citou que os alunos viram história da alimentação humana, na disciplina de História, micro e macro organismo do solo, em Química, geometria dos canteiros, em Matemática, entre outros.
“Quando ensino médio em tempo integral chegou, a horta já existia. O que fizemos foi colocá-la em nossa prática didática, através da eletiva Do Mato ao Prato, atrelada ao projeto de sonho dos alunos. Isso trouxe benefício na merenda, na saúde dos estudantes e das suas famílias, além da humanização de todos, pois estimulou o trabalho em conjunto e o protagonismo juvenil”, afirmou.
Aprendizado
O aprendizado que os alunos recebem ao manipular a horta é algo que levarão para as suas vidas. Uma das pessoas que auxiliam os estudantes é Givaldo dos Santos, servidor do Estado que trabalha na horta desde o seu início, orientando os estudantes sobre como proceder no manuseio das espécies. “Vejo essa horta como uma grande ferramenta pedagógica. Aqui é possível estudar ciências, biologia, matemática, entre outras disciplinas. Há um aproveitamento muito grande para ser ensinado a esses jovens”, declarou.
A aluna Crislaine Cabral Santana afirmou que depois da horta passou a ter uma alimentação mais saudável. “Antes de criarmos essa eletiva, eu era uma pessoa que não comia saladas, não gostava desse tipo de comida. Depois que fui aprendendo como esses alimentos são cultivados, como se dá a higienização, os seus benefícios para a saúde, fui me habituando a ingeri-los em minha alimentação”, disse.
Ildo Cardoso, do 1º ano do ensino integral, declarou que tem aprendido bastante com o projeto. “Tudo o que a gente vê em sala, aprende na prática. Antes eu não tinha nenhum conhecimento sobre horta, mas depois passei a me interessar mais. E o mais legal é que a gente se alimenta do que a gente planta aqui”, afirmou.
Quem também elogiou a iniciativa foi a sua colega Yris Manyere Santos Romão. “Acho muito bom participar desse projeto porque a gente aprende a semear, colher e experimentar coisas novas. Além disso, está beneficiando nossa saúde com alimentos saudáveis”, declarou.
Erivaldo Santos, do 2º ano, também falou sobre a importância do projeto. “Acho muito interessante porque nem todas as escolas têm uma horta assim como essa. É um trabalho que estamos fazendo já há algum tempo e que vale a pena. Acho muito bom nós podermos nos alimentar com esses produtos naturais, sem agrotóxicos. Isso é algo que nos beneficia muito”, afirmou.
De acordo com o professor Fernando Leite, um dos objetivos futuros é receber o Selo Orgânico do Ministério da Agricultura, um certificado que atesta que os produtos são totalmente orgânicos.