São Paulo
25.01.2024Gustavo Ferragini Batista, de 17 anos, recebeu nesta semana a notícia mais esperada para o ano. Ele foi aprovado na Fuvest para o curso de Ciências Físicas e Biomoleculares da USP São Carlos. O jovem, que concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira Rocha, também de São Carlos, vem de um histórico recente de conquistas e está entre os estudantes que estiveram, no ano passado, na COP28, em Dubai, com a apresentação de um projeto de cultivo de microalgas.
“Desde o quarto ano do Ensino Fundamental, eu me perguntava por que as coisas caem e passei a me interessar pela física. Isso se manteve por vários anos, até que entrei no Ensino Médio e passei a participar de clubes de ciências, como aluno da escola Professor Sebastião de Oliveira Rocha e foi nessa escola que tudo mudou. Nos clubes, passei a ter mais contato com química e biologia e então notei que gostaria de um curso mais dinâmico entre essas três áreas. Foi quando descobri Ciências Físicas e Biomoleculares no Instituto de Física da USP São Carlos e meu projeto de vida mudou, passando a ser a primeira opção. A aprovação chegou com muita emoção no dia 22 de janeiro”, comemora o recém-aprovado na Fuvest.
O futuro universitário destaca o papel da escola em sua formação, reconhece o apoio dos professores, da sua família e conta que utilizou as plataformas disponibilizadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) para apoio nos estudos, como a Redação Paulista. “A minha escola estadual foi essencial para a minha aprovação. Eu me dediquei muito, mas sem a dedicação dos meus professores eu não teria conseguido. Minha família também foi fundamental. Moro com minha mãe e meus avós, que não acessaram o ensino superior, mas realizaram cursos técnicos ou concurso público. Estou muito feliz por ser a primeira pessoa da família a ingressar na USP”.
COP28 para o futuro
Entre o fim de novembro e início de dezembro de 2023, Gustavo e seus colegas da Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira Rocha, de São Carlos, foram os únicos representantes das escolas públicas do Brasil na COP28.
O grupo formado por ele e pelos alunos, João Paulo Medeiros Baldo, Iara Berto Pena, Luana Carolina Zabotto Marchetti e Giovanna Dantas Klnpeldes foi selecionado pela Unesco por cultivarem, no laboratório da escola, microalgas da espécie Chlorella sorokiniana.
As microalgas cultivadas no laboratório da escola pelo grupo têm a capacidade de sequestrar dióxido de carbono e produzir oxigênio em grande escala, contribuindo assim para o combate ao aquecimento global. O projeto contou com aquários para a cultura dessas microalgas com luzes especiais, além de outros dispositivos para otimizar a fotossíntese. Nessas condições, as microalgas realizam uma fixação biológica de carbono até 50 vezes maior do que a efetuada por plantas terrestres.
Nos Emirados Árabes Unidos, eles estiveram acompanhados pelas professoras doutoras Andréa Cristina Moralez de Souza e Milene Aparecida Rodrigues de Oliveira e ainda pela diretora da unidade, Lucinei Tavoni.
Agora, como aprovado na USP, o estudante faz o paralelo entre o seu projeto do Ensino Médio e o seu futuro. “O curso envolve o estudo e desenvolvimento de moléculas para sistemas biológicos a partir de técnicas da física e bases da química. No projeto selecionado para a COP28, essa interdisciplinaridade também estava presente através de um tripé entre física, química e biologia”, finaliza.