Dia da Consciência Negra será lembrado com apresentações culturais e palestras

Mato Grosso

07.11.2022

A programação alusiva ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, será intensa na Escola Estadual de Ensino Integral ‘Padre Cesar Albisetti’, em Poxoreu. As atividades terão início no dia 18, com oficinas e temáticas voltadas para o reconhecimento e a construção histórica da população negra no Brasil e no mundo.

Segundo o orientador da Área de Humanas, Rander Souza, o foco do evento é apresentar a história de luta e resistência do povo negro em um trabalho para combater o racismo no ambiente escolar e também fora dele.

“É uma ação, por meio de uma educação antirracista, que tem como horizonte demonstrar a história da população negra sobre o olhar de seu povo, já que a historiografia apresentou apenas uma visão eurocêntrica que legitimou seu poder sobre os outros povos”, assinala Rander.

Fazem parte do leque de opções, oficina de máscaras africanas, pinturas e desenhos, além de tranças africanas. Os alunos também poderão se inscrever nas oficinas de bonecas abayomis - criada na época da escravidão como brinquedo para crianças negras. Para entreter as filhas nos navios negreiros, as mães rasgavam pedaços das suas roupas para moldar as abayomis.

Já na parte cultural terá uma programação extensa com danças, poesias, músicas, teatro e culinária africana. Haverá, ainda, uma palestra com o professor-doutor Ariel Costa dos Santos, da Universidade Federal de Rondonópolis.

O coordenador escolar, Urano Augusto lembra que a escola, há quatro anos, desenvolve o trabalho sobre a consciência negra, atendendo a Lei 10.639/03 que estabelece a sua obrigatoriedade no Ensino Fundamental e Médio. Dessa forma, a unidade escolar procura trabalhar o ensino da cultura afro-brasileira para valorização histórica do povo negro. “Nossa intenção é continuar a busca por uma educação antirracista e minimizar os impactos do racismo estrutural que opera na sociedade”, ressalta.

Histórico

A ideia do Dia da Consciência Negra aconteceu em 1971, em Porto Alegre (RS), por iniciativa do então Grupo Palmares. O objetivo era pensar formas de protestar contra a proibição da presença de jovens negros num clube da capital gaúcha e discutir a situação do negro, em geral. Entre outras pautas, foi pensada uma data alternativa ao 13 de maio para celebrar a luta e história deste povo.

Anos depois, com a atuação do Movimento Negro Unificado (MNU), o dia 20 de novembro se tornou um ato político de afirmação da história. A partir de então, a data ganhou dimensão nacional, é pautado e celebrado, independentemente de sua institucionalização. Apareceu com maior visibilidade na Marcha contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, ocorrida em 1995.

No campo institucional, em 2003, foi promulgada a Lei 10.639, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), para incluir no currículo oficial das redes de ensino público e privado em todo o país a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Além da obrigatoriedade de um conteúdo que retrate a história e as lutas dos negros como agentes ativos e protagonistas de suas ações, a lei estabelece parâmetros curriculares com o objetivo de contribuir com elementos que superem a abordagem do negro de forma pejorativa nas escolas. Nesse contexto, o artigo 79-B define que “o calendário escolar incluísse o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra'”.

Em 2011, o governo federal, por meio da Lei n. 12.519, oficializa o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”.