Centro de Excelência em Sergipe se destaca na produção científica

Ciência e Tecnologia

01.10.2019

Por: Ítalo Marcos

Projeto que extrai óleo do amendoim e produz cosméticos foi o primeiro colocado na IX Feira Científica de Sergipe Montagem de coleção biológica didática, propriedades físico-químicas do hibiscos, produção de ondas eletromecanizadas via arduíno, produção de base de lançamento de foguetes artesanais são algumas outras pesquisas.

Um projeto científico inovador tem levado, todos os dias, alunos do ensino médio do Centro de Excelência Dom Luciano José Cabral Duarte, em Aracaju, ao laboratório de Química da unidade de ensino. Iniciado no mês de abril deste ano, com orientação do professor Antônio Hamilton dos Santos, 10 estudantes do ensino médio integral têm se encontrado diariamente no laboratório para fazer pesquisas em temáticas variadas. Uma delas deu origem ao projeto “Produção de hidratante, a cosmetologia sem mistérios: o uso do amendoim”, que foi apresentado na última sexta-feira, 27, na Feira Científica de Sergipe (Cienart), na Universidade Federal de Sergipe (UFS), e ficou em primeiro lugar geral e também na primeira colocação na categoria Ensino Médio.

O professor Antônio Hamilton explica que foi dada aos alunos a oportunidade de escolherem em qual linha de pesquisa eles queriam trabalhar, e os jovens optaram por estudar as propriedades físico-químicas do amendoim, tentando descobrir o que poderia ser produzido através desse alimento. Eles conseguiram extrair os óleos brutos do amendoim e tiveram como objetivo produzir um creme hidratante. Mas o trabalho não parou por aí, como explica Hamilton.

“Eles foram além da proposta do hidratante e criaram shampoo, sabonete, sabão líquido, aromatizador de ambiente, todos esses produtos tendo como base o amendoim, acrescentando às vezes algumas fragrâncias para mudar o cheiro. Acho que foi de grande valia eles terem escolhido essa linha de pesquisa. Quando a iniciativa é do aluno, o resultado é muito mais rico. Eu, como professor, dei as orientações, mas todo o trabalho que implica análise física e química foi dos alunos. Eles associaram o que viam em sala de aula e colocaram na sua prática”, disse.

Para o professor, ter vencido em primeiro lugar na Cienart foi um feito grandioso para o grupo, pois eles já estavam batalhando por esse resultado há bastante tempo. “São esses resultados positivos que mostram a cara da escola, o quanto os professores se dedicam aos alunos, a apropriação do conhecimento por parte dos estudantes e a sua vontade de crescer. Muitos que antes pensavam apenas no ensino médio, hoje já pensam em uma graduação maior, em algo que dê um retorno significativo para a vida deles. Temos investido pesadamente para que os alunos possam se destacar não apenas na Cienart, mas na vida, em tudo o que consigam realizar”, declarou.

A proposta agora é continuar o projeto, dando prosseguimento às pesquisas e produções. A intenção é de que seja feita uma pequena linha de produção dos hidratantes, shampoos e sabonetes para que futuramente os alunos possam comercializar e ter algum retorno financeiro.

Seis projetos de sucesso

O Centro de Excelência Dom Luciano José Cabral Duarte inscreveu na Cienart um total de seis projetos. Além do trabalho sobre a produção de hidratante através da extração de óleo de amendoim, houve também os seguintes projetos: Montagem de coleção biológica didática de espécies animais com ocorrência no estado de Sergipe; As propriedades físico-químicas do hibiscos; Produção de ondas eletromagnéticas através da construção de um rádio transmissor FM artesanal; Braço eletromecanizado via arduíno; e Produção de base de lançamento de foguete artesanal.

A diretora da unidade de ensino, Lidiane Moreira Santos, falou sobre a importância da conquista dos alunos na Cienart, mostrando que isso melhora a imagem e a autoestima da comunidade escolar. “Muitas pessoas têm uma visão errada de escola pública, de que o trabalho não é bem feito, que não tem a capacidade que as escolas particulares têm. Uma vitória como essa na Feira Científica de Sergipe enfatiza mais que o trabalho da rede estadual está sendo bem feito, que temos alunos competentes e capazes de chegar aonde quiserem”, afirmou.

Para a aluna Thassia Karine de Oliveira Machado, a Cienart foi algo inovador em sua vida. “Eu não sabia quase nada sobre a física e a química, mas quando cheguei ao ensino integral, o professor Hamilton me auxiliou e me ensinou um pouco mais sobre essas ciências, e foi assim que aprendi a gostar mais. Ele confiou em mim para produzir o que  levamos para a Cienart e com isso começamos a estudar o amendoim. Para mim esse projeto abriu portas, pois eu não tinha tanta afinidade com a química e hoje eu tenho todo o conhecimento que não tinha antes. Pretendo continuar com a produção em larga escala para ver se a gente abre uma franquia com esses produtos”, disse.

Quem também se mostrou satisfeito com o projeto foi Allan Marcos Oliveira Santana, que participou da Cienart pela primeira vez neste ano. “A pesquisa abre um leque de oportunidades para a gente, tanto para o nosso futuro quanto para o nosso dia a dia, pois podemos solucionar problemas em grande escala no laboratório. Ainda não caiu a ficha de que fomos os vencedores. Nós acreditamos em nosso potencial e conseguimos essa vitória porque se trata de um projeto inovador”, declarou.

A aluna Júlia Carvalho Leite disse ter aprendido bastante com os conhecimentos adquiridos durante as pesquisas. “Foi muito bom porque nas escolas particulares em que estudei não tive esse contato com a Ciência, dessa forma. Isso me fez pensar mais sobre as áreas que quero estudar. Antigamente, quando eu não sabia que o amendoim tinha essas propriedades, pensava que servia apenas para comer. Quando obtive esse conhecimento foi bemgratificante”, afirmou.

Vanessa Dias Santos também expôs sua opinião. “Eu gosto muito de química, então participar da Cienart e ganhar em primeiro lugar foi incrível, uma das melhores experiências que eu já tive. Antigamente não se via muito essa participação dos jovens estudantes em feiras científicas. E ter isso hoje em dia é um grande avanço. Eu me senti uma pesquisadora de verdade, conseguindo fazer esses produtos como se fosse profissional”, disse.