Ceará avalia alunos para medir impactos da pandemia na aprendizagem e propor soluções

Ceará

14.07.2021

O Governo do Ceará preza pelo desenvolvimento integral dos estudantes da rede pública estadual. Por este motivo, além de preparar as escolas para o retorno seguro às aulas no modelo híbrido (presencial e remoto) durante o segundo semestre de 2021, tem apostado em ações como a Avaliação de Impacto da Pandemia sobre as Aprendizagens (AVI). A iniciativa visa mensurar os prejuízos causados pelo distanciamento social à aquisição de conhecimento pelos alunos. Com isso, será possível montar estratégias adequadas para a recuperação dos saberes cognitivos, seguindo um planejamento pautado em evidências.

O trabalho é desenvolvido pela Secretaria da Educação (Seduc), em parceria com o Programa Cientista Chefe, da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (​Funcap). A avaliação tem como foco estudantes da 3ª série do Ensino Médio e do 9º ano do Fundamental e segue os mesmos parâmetros das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A escolha pelo método se deu para que fosse possível estabelecer comparações entre o desempenho atual dos alunos e a série histórica de resultados obtidos pelo Ceará.

A secretária executiva do Ensino Médio e Profissional da Seduc, Jucineide Fernandes, afirma que as atividades letivas dos próximos seis meses poderão ser orientadas de acordo com o que for observado nos testes. “No segundo semestre, agiremos no sentido de propor ações e estratégias para a rede com o objetivo de garantir as aprendizagens essenciais a todos os estudantes que concluam a educação básica”, ressalta.

Método

A aplicação das provas ocorreu ao longo do mês de junho, em todo o estado, de maneira presencial e amostral. A opção por esta via, e não pelo modo censitário, se deu devido à necessidade de evitar aglomerações. Os alunos realizaram os exames de forma digital, por intermédio do Sistema Online de Avaliação, Suporte e Acompanhamento Educacional (Sisedu), plataforma de referência em termos de produção de diagnóstico em rede.

O Cientista Chefe da Educação, professor Jorge Lira, lembra que as avaliações diagnósticas já faziam parte da prática da Seduc desde antes da pandemia. “O Sisedu hoje é uma ferramenta extremamente potente, em termos estatísticos, computacionais e pedagógicos. A tecnologia é baseada na matriz dos saberes, que permite aos gestores e professores a leitura e a decodificação das informações, possibilitando intervenções como o uso de currículos mais flexíveis aos diferentes níveis de aprendizagem. Portanto, é base para um modelo mais personalizado e com uma abordagem mais eficaz ao aluno. O retorno das avaliações ocorre de forma instantânea”, explica.

Ainda de acordo com Jorge Lira, as amostras são representativas da heterogeneidade dos alunos da rede estadual. “Consideramos aspectos como localidade, modalidades de escolas, gênero, nível socioeconômico das famílias, entre outros. E tivemos a presença de fiscais, seguindo os protocolos metodológicos adotados no Saeb”, esclarece.

Referências

A orientadora da célula de Avaliação e Desempenho Acadêmico da Seduc, Ana Paula Pequeno, lembra que o principal objetivo da ação é identificar o quanto a pandemia de fato afetou o ritmo de aprendizagem em relação ao que o Ceará vinha tendo no período anterior à pandemia.

“Tínhamos uma tendência de crescimento nos resultados. A suspensão das aulas presenciais acarretou um impacto, a desaceleração nas aprendizagens. Assim, pensamos numa forma de mobilizar os estudantes, em segurança, para obter referências necessárias ao desenvolvimento de políticas e programas para o fortalecimento da aprendizagem”, pondera.

As provas contemplam as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, conforme Ana Paula, por serem basilares na aprendizagem de todos os outros componentes pedagógicos. O acompanhamento da progressão dos alunos nestes quesitos faz parte do processo de superação de lacunas de aprendizagem rumo a etapas mais avançadas.


Bruno Mota - Texto
Karol David - Fotos