Piaui
24.05.2019O Piauí tem apresentado evolução consistente no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) em 2018, a rede pública estadual de ensino teve um bom desempenho no Ensino Fundamental e um ligeiro crescimento no Ensino Médio. O principal objetivo do governo agora é alcançar um alto desenvolvimento humano e, para tanto, o crescimento do Ideb é indispensável.
O Ideb reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. Ele é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho nas avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil para os municípios.
O Piauí conseguiu acelerar o aprendizado e ficar entre os Estados com o maior ganho de aprendizagem, por meio de ações específicas como o programa Mais Aprendizagem, no qual tem dentro do seu pacote de trabalho o Mais Matemática, que desde 2017 já está implementado na rede, e a aceleração de aprendizagem em Português, que foi lançando em 2018.
Conforme dados apresentados, os anos inicias do Ensino Fundamental (2º ao 5º ano) vem em uma escala crescente, já atingindo a meta projetada para 2021. O crescimento foi de quase 1 ponto percentual, garantindo 5,5 em 2017, bem acima dos 4,2 projetados. Escolas estaduais de Piracuruca, Teresina e Campo Maior foram destaques com pontuação de 7,6; 7,0 e 6,9, respectivamente.
Já nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), houve crescimento, mas o Estado não conseguiu atingir a meta projetada, ficando o índice de 2017 com a nota 4,0, enquanto que a meta era 4,1. Dentre os destaques, escolas de Cocal dos Alves e Monsenhor Hipólito, que conseguiram um índice de 7,2 e 6,6 respectivamente.
A meta projetada para 2019 é 4,4 e as escolas já intensificam programas e projetos visando não só alcançar, mas ultrapassar essa nota. Para isso,as escolas aumentaram a carga horária do 5º ano e 9º ano do Ensino Fundamental, a fim de reforçar o ensino e aprendizagem de Português e Matemática. A eficiência destas ações está refletindo diretamente nas notas do Ideb das escolas, que conseguiram dar um grande salto saindo de 2,1 para 4,9, como é o caso do CETI Presidente Castelo Branco, em Piracuruca, da Unidade Escolar Professora Adamir Leal, que foi de 5.4 para 7.0, e do CETI Professor Raldir Cavalcante Bastos, que saiu de 5,5 para 6,1, ultrapassando a meta para 2019.
De acordo com a coordenadora de programas e projetos do CETI Professor Raldir Cavalcante Bastos, Rose Magalhães, a unidade de ensino elaborou metas com planejamento de ações para dez anos. “Percebemos que os nossos alunos tinham dificuldades de concentração em sala de aula e ao passar por essas avaliações externas e internas, por isso, desde 2009, quando a escola passou a ser de tempo integral, reunimos os professores de todas as áreas com o objetivo avaliar a situação dos alunos e traçar metas para dez anos, no caso até 2019, e é assim, pouco a pouco, que estamos conseguindo resultados positivos”.
Ela conta ainda que a estratégia da escola não é focar somente no reforço do conteúdo de Português e Matemática, cobrados nas avaliações do Inep, mas trabalhar o emocional dos alunos, aliando aos conteúdos de forma que a construção do conhecimento seja natural, como o Projeto Arte na Praça, por exemplo. “Com esse intuito de trabalhar também o lado emocional deles, de prepará-los para as avaliações, elaboramos projetos lúdicos de arte como a pintura, a música, a dança, a literatura e o teatro, tudo com o objetivo de fazer com que os alunos avançassem, aliando a Língua Portuguesa e a Matemática nesse projeto”.
A escola tem, no ensino médio, nota 5,1, um dos índices mais altos no Estado e 68% dos alunos aprovados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A aluna Milena Araújo, que faz o 3º ano do ensino médio na escola, frisa que a arte contribui muito para seu aprendizado e aquisição de senso crítico. “Estudo aqui desde 2012, quando fazia o 5º ano, e sempre tivemos esse apoio da equipe pedagógica, tendo como um diferencial a arte no nosso aprendizado, pois passamos o dia aqui e temos o estresse das aulas, com uma carga horária pesada. Então, vemos a percepção crítica e artística sendo evoluída em todas as áreas de conhecimento e auxiliando nas disciplinas e avaliações”.
Os dados do Ensino Médio, até 2015, eramobtidos a partir de uma amostra de escolas.Desde a edição de 2017, o Saeb passou a ser aplicado a todas as escolas públicas e, por adesão, às escolas privadas. Pela primeira vez, o Inep passou também a calcular o Ideb para as escolas de ensino médio.
No Piauí, nesta modalidade de ensino, esse crescimento foi mais tímido, apesar de se aproximar muito da meta projetada em 2017. O Estado alcançou a nota 3,3, enquanto que a meta era 3,6. Apesar disso, as escolas avaliadas desenvolvem ações para alcançar a meta projetada para 2019: 3,8 - com horas/aula de oficinas destinadas a esse processo de aceleração de aprendizagem em Matemática e Português.
Destacam-se no ranking o CETI João Henrique de Almeida Sousa, com nota 5,7, seguido da Unidade Escolar Desembargador Pedro Sá, de Oeiras, com nota 5,6, e da escola Ensino Médio Augustinho Brandão, de Cocal dos Alves, com nota 5,4.
Segundo a diretora do CETI João Henrique de Almeida Sousa, Djanira Alencar, a equipe pedagógica está intensificando os conteúdos em prol da aprendizagem dos alunos. “Tentamos sempre focar na parte pedagógica, observando as dificuldades dos alunos, bem como nos resultados anteriores, vendo o que pode ser melhorado, comparando os resultados e fazendo um acompanhamento em Língua Portuguesa e Matemática, que são os componentes eletivos aplicados. Além disso, trabalhamos projetos de leitura e escrita, o Litearte, entre outros com o foco na aprendizagem do aluno e na melhoria da nota do Ideb”.
O aluno Lucas André, que faz o 2º ano do ensino médio na escola, conta que tinha dificuldades na Língua Portuguesa e com o reforço nos conteúdos da disciplina, está conseguindo bons resultados. “Antes eu tinha um pouco de dificuldade na escrita do Português, na Gramática, e interpretação de texto, depois que passei a frequentar as aulas de acompanhamento, minhas notas melhoraram e até no meu vocabulário, então é um projetoque está sendo muito importante na minha trajetória e até para o Enem”.
Para o secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, o Piauí tem avançado, simultaneamente, em inclusão e aprendizagem, uma trajetória que poucos Estados têm conseguido. “A Seduc tem uma parceria forte com o Unibanco em relação ao ensino médio, com uma ação chamada Jovem de Futuro. É um circuito de gestão implementado nas escolas, onde fazemos pactuação de metas, conversamos sobre o Ideb, projetamos o que queremos para cada escola e, de posse dessa visão, fazemos um plano olhando para os pontos principais que compõem o Ideb. Diz respeito à aprovação dos nossos alunos dentro da rede e a ampliação da aprendizagem dos estudantes”, pontuou o gestor.
Em dez anos o Piauí avançou, saiu da 24ª posição no ranking geral do Brasil para 16ª no ensino médio. Em 2007, o Estado ocupava a 7ª posição do ranking do Nordeste, enquanto que em 2017 está na 4ª posição. No que se refere ao Ensino Médio, dados revelam que o Piauí é o 3º estado do nordeste com escolas que apresentaram notas acima do percentual, ficando atrás apenas do Ceará e Pernambuco.
As ações voltadas para a Educação e o avanço do Ideb estão contribuindo para a elevação do acesso ao conhecimento, analisado pela média de anos de estudo (adultos) e anos esperados de escolaridade (crianças), da expectativa de vida, bem como da qualidade de vida do piauiense. Os dados apresentados fazem parte de um conjunto de ações que visam atender as necessidades da população, garantindo uma educação voltada para o trabalho e a formação humana, permitindo, assim, o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 2017, o Estado atingiu a média de 17% da população adulta com ensino superior completo enquanto que no nordeste a média geral é de 12% e no Brasil, 18%. Na área social, a expectativa de vida aumentou 2 anos entre 2007 e 2017.