Enem 2017
05.10.2017“O ambiente e a ação antrópica” não é assunto assimilado apenas por estudiosos. Atualmente está presente na mídia, no governo, em diferentes organizações sociais e nas salas de aula do ensino fundamental ao curso universitário. Foi assim no segundo Aulão do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Teatro Estadual Palácio das Artes, sexta-feira (30) com a presença de aproximadamente mil alunos de diversas escolas de Porto Velho - Rondônia.
Degradação de rios, igarapés, florestas, destino do lixo, o ensino dos 5Rs (Reduzir, Repensar, Reaproveitar, Reciclar, Recusar consumir produtos que provoquem impactos socioambientais significativos. ), o saneamento básico em Rondônia e na Amazônia Brasileira. Esses itens foram passados a limpo pela professora bióloga Geane Torres. “Precisamos repensar a forma de atuarmos no planeta em que habitamos”, ela apelou para o auditório naquele momento silencioso e atento.
Mais de mil alunos lotaram o Teatro Palácio das Artes na sexta-feira.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os cinco Rs tem por objetivo uma mudança de hábitos no cotidiano dos cidadãos. A questão-chave é levar o cidadão a repensar seus valores e práticas, reduzindo o consumo exagerado e o desperdício.
O quarto R (reciclagem) é colocado em prática pelas indústrias que substituem parte da matéria-prima por sucata (produtos já utilizados), seja de papel, vidro, plástico ou metal, entre outros. Ainda é preciso que se amplie o mercado para produtos advindos deste processo.
Com a valorização da reciclagem, as empresas vem inserindo, nos produtos e em suas embalagens, símbolos padronizados que indicam a composição dos materiais. Esse tipo de rotulagem ambiental tem, também, por objetivo facilitar a identificação e separação dos materiais, encaminhando-os para a reciclagem.
A maioria das questões da edição de 2016 contemplaram ciência da natureza. Isso motivou muito a performance didática das professoras Geane Torres e Khrisna Nadjanara de Lima, ao detalharem o tema.
Para Geane, plantar árvores “é uma coisa legal”, mas exige reflexões a respeito de espécies vindas de outras regiões do Brasil para Rondônia. Ela mergulhou no tema, mencionando modelos sustentáveis e foi enfática ao falar a respeito da pressão sobre o ambiente: “Para algumas situações, temos que dizer: não quero mais!”.
O evento foi transmitido ao vivo pelo Facebook, com tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Entre outros, participaram: o secretário estadual de educação, Valdo Alves, e o diretor geral da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia (Faro), Sebastião Getúlio de Brito. Essa instituição é parceira da Secretaria de Estado da Educação de Rondônia (Seduc).
Geanne é formada em biologia e pós-graduada em Educação Especial pela Uniron e há 14 anos lecionando no Ensino Médio da rede pública particular. Graduada em ciências biológicas pela Unir, Khrisna é pós-graduada em Direito Ambiental e há 15 anos dá aulas na Escola Estadual João Bento em Porto Velho.
Geane lembrou que o smartphone é um dos perigos causados por ações antrópicas. “Vejo muitos de vocês aí com aparelhos novos, os mais modernos, mas sabem o que representa descartar o antigo?” – questionou.
Lembrou que a produção de um smartphone implica o uso de diversos recursos extraídos do meio ambiente – os minerais lítio, tântalo, cobalto e a platina, uma raridade. Isso, conforme dados da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) significa 18 m² de solo, 12.760 litros de água e 16 quilos de emissões de carbono. Em um banho econômico de chuveiro elétrico é possível utilizar 15 l de água e são necessários 850 banhos com a mesma quantidade de água utilizada na produção de um único smartphone.
“Vocês sabem que goma, chiclete, papel, tudo é arrastado para os rios? Sabem que nos lixões, o chorume penetra no lençol freático e produz gases?” – perguntou mais a professora Geane.
Chorume é um caldo escuro e ácido, de cheiro típico e desagradável, proveniente da decomposição da matéria orgânica depositada nos grandes lixões e nos aterros sanitários.
Lembrou da situação ocorrida há 13 anos no entorno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por metais pesados que atingem as águas do Rio Paraíba do Sul, abastecedor da Região Metropolitana do Rio. Falou da contaminação do solo na CSN, situada na cidade com o mesmo nome, no Rio de Janeiro.
Citou a série de reportagens da TV Record mostrando efeitos do plástico jogado no meio ambiente e lamentou que no Brasil, crianças ainda brinquem com micróbios em diferentes situações e lugares. “Falta saneamento básico!”, alertou.
Doenças transmitidas pela água poluída e pelo saneamento básico ruim constituem a quinta maior causa de mortes de mulheres em todo mundo, matando mais que a Aids, o câncer de mama ou o diabetes. Quase 800 mil mulheres morrem anualmente por falta de acesso a banheiros seguros e água limpa, de acordo com a organização desenvolvimentista WaterAid, que analisou dados do Instituto de Métricas da Saúde, centro de estudos sediado na cidade norte-americana de Seattle.
A segunda aula foi dada pelo professor de matemática com habilitação em física, Miguel Gomes Costa, da Unir. A terceira, pela professora Soniamar Salin, formada em letras e com especialização em didática da língua portuguesa. O primeiro tem 20 anos de experiência em escolas públicas e particulares; a segunda leciona gramática e redação há 32 anos.
A quarta aula foi dada pelos professores Hermano Júnior e Rodrigo Brasil. O primeiro, formado em licenciatura plena em matemática, com especialidade em metodologia do ensino superior, dá aulas no Instituto Estadual Carmela Dutra de Porto Velho; o segundo, formado pela Unir, é especialista em metodologia do ensino de ciências (matemática, física, química e biologia) e mestre em matemática.