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24.11.2015Um olhar diferenciado para o aluno e a preocupação do corpo docente em ver o jovem além da formação acadêmica. Essas são as fórmulas encontradas pela equipe gestora do Colégio Estadual Professora Maria das Graças Menezes Moura, localizado em Itabi, a 145 km de Aracaju (SE), para chegar à primeira colocação da Região Nordeste no Prêmio Gestão Escolar.
Essa é a primeira vez que um colégio da rede estadual sergipana chega à final do Prêmio Gestão Escolar. Com uma série de projetos inovadores, o colégio vem transformando a vida dos alunos. A diretora Maria das Graças Albuquerque Melo enfatizou que tais projetos têm, inclusive, melhorado os convívios social, acadêmico e familiar dos estudantes. Segundo ela, há, na escola, altos índices de depressão e relatos de violência doméstica.
"Pensamos então em desenvolver um projeto que abraçasse todas essas problemáticas sociais. Fizemos reuniões pedagógicas para procurar ajudá-los com esses projetos, com pesquisas e apresentações, paródias, documentários criados por eles mesmos, desenhos, dramatizações. Isso tudo contribuiu muito para o desenvolvimento deles", explicou.
Ela destacou ainda que há uma preocupação com a gestão democrática da escola, levando pais e alunos a participarem ativamente do que vai ser desenvolvido. "A gente procura também saber o que é que o aluno quer. Os alunos participam das tomadas de decisão e do fazer pedagógico. E esses projetos resultaram em uma mudança visível no comportamento deles", disse.
São muitos os projetos desenvolvidos, e os que têm mais destaque entre os alunos são as aulas de violino, outros envolvendo matemática e português, aulas de Muay Thai, capoeira, oficinas diversas, aulas na sala de recursos, entre outros.
Segundo o coordenador do Nuform, professor Jorge Costa Cruz, "essa escola é uma referência para Sergipe e para o Nordeste. Faz um trabalho bem diferenciado, com pedagogia de projetos. Os alunos são bastante envolvidos com todas as atividades e adoram estar aqui. Essa participação de todos faz a diferença nessa escola".
Violino e Satisfação
Os alunos e professores não escondem a satisfação em participar dos diversos projetos inovadores da escola. Mikaella Silva Santos, de 16 anos, estuda no 1º ano. Ela disse que esses projetos os incentivam tanto na parte acadêmica quanto na parte social.
"Melhora a nossa autoestima, nosso modo de nos expressar, nossa educação. Participo das aulas de violino, e acho que isso fez com que eu soubesse que eu tenho capacidade de tocar um instrumento. É uma coisa nova na escola que muda a nossa forma de pensar", afirmou.
Marcos Barcelos Souza Santos, de 14 anos, estuda no 1º ano. Ele disse que um dos projetos desenvolvidos foi tema do Enem deste ano, o que ajudou bastante na hora da prova.
"Além disso, esse projeto musical de aulas de violino é muito bom, mudou muito a gente. Eu era muito tímido, mas as aulas ajudaram a me soltar mais", declarou.
O professor de História João Luiz Andrade Dórea não poupou elogios às diversas atividades desenvolvidas na escola, o que levou a unidade de ensino à primeira colocação do Nordeste no Prêmio Gestão Escolar 2015.
"Esses projetos têm resultado na melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos. Facilita o nosso trabalho de aula e mostra que os alunos conseguem desenvolver mais concentração, mais atenção, e isso vem melhorando os resultados, tanto dentro da sala de aula quanto no convívio com todos", destacou.
A aluna Liarydcia Santos de Santana, de 14 anos, estuda no 9º ano. Ela deu um depoimento mostrando que as aulas de violino mudaram para melhor a sua vida. "Participo das aulas de violino, e isso mudou muito o meu modo de agir, pois antes eu era um pouco agressiva, mas as aulas me acalmam, pois a música clássica exige de nós mais leveza e delicadeza", explicou.
Para Kaliel Melo Oliveira, do 3º ano, "o resultado do Prêmio Gestão demonstra a capacidade que o colégio tem de mostrar aos jovens a diversidade que há no mundo. Até os nossos pais já falaram que houve uma melhora em nosso comportamento".
A mesma opinião foi compartilhada por Lorena Silva Santos, do 8º ano. "Participo das oficinas de matemática, português, aulas de violino e de Muai Tay. Nosso comportamento melhorou muito e passamos a desenvolver melhores trabalhos", disse.
Outros projetos
Uma atitude inovadora veio do professor de matemática. Ele, auxiliado por técnicos em edificações, promoveu a construção do jardim e do estacionamento da escola, transformando o local que antes servia para receber o lixo dos moradores e que agora contribui para a manutenção dos espaços. Já na sala de recursos da escola, a professora Maria Anunciada dos Santos Aragão promove uma verdadeira integração dos estudantes com os alunos especiais.
"O objetivo é que façamos uma escola inclusiva. Trazer os alunos deficientes para as turmas regulares e recebê-los. E no horário contrário, temos o atendimento especializado na sala de recursos multimeios, com os alunos de escolas estaduais e municipais", destacou a professora, explicando que o convício com os alunos é uma troca de aprendizagem. Ao todo, 13 alunos especiais são atendidos na sala de recursos.
A escola desenvolve também aulas de luta, como capoeira e Muai Tay. Jade Santiago Gomes, do 6º ano, faz Muai Tay na escola e disse que as aulas a ensinam a lutar, mas não brigar.
"A luta faz a gente se movimentar e nos ensina a não brigar na rua. Se eu encontrar dois colegas brigando, eu não vou querer me meter, mas vou separar e tentar terminar a briga", disse.