Paraíba
18.09.2015Trabalhos com foco em sustentabilidade como a reutilização de lixo eletrônico e uso de energia de fontes alternativas como eólica e solar; pesquisas com células troncos; uso de indicadores para medir a qualidade de vida dos paraibanos como o IMC (Índice de Massa Corporal) e até mesmo reflexões críticas de séries norte-americanas que influenciam comportamentos de jovens na Paraíba. Essas foram alguns das pesquisas apresentadas por alunos da rede estadual no IV Talento Científico Jovem, que aconteceu nesta semana, no Hall da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Os organizadores do IV Talento Científico Jovem, uma feira de produções científicas das escolas públicas e privadas de João Pessoa e região, realizam na tarde desta sexta-feira (18) a cerimônia de premiação dos melhores trabalhos no Auditório da Reitoria da UFPB.
As preocupações com a saúde e o peso acima do recomendável por nutricionistas e endocrinologistas provocaram uma forte procura ao estande da pesquisa apresentada por Raiza Anne Pereira Cunha, 17 anos, do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Daura Santiago Rangel. Participando pela primeira vez do evento científico voltado para a educação básica, Anne apresentou um trabalho mostrando a importância de conhecer a saúde e manter de forma equilibrada nos aspectos emocional, mental e também física. Para demonstrar um dos aspectos, ela realizou testes do Índice de Massa Corporal (IMC) entre os visitantes da feira.
“O IMC ainda é o método mais rápido para obter a informação se está abaixo do peso normal, acima do peso ideal, ou obeso”, destacou a aluna, que ficou surpresa com a demanda de visitantes em seu estande. “O mais interessante da feira não é, em si, a apresentação, mas a experiência que ganhamos e o aprofundamento das pesquisas com os estudos sobre o tema”, disse a aluna.
Outra pesquisa mais complexa é a “Eletrorobôquímica: uma nova visão para construção do futuro”, que reuniu conhecimentos das áreas de eletrônica, química e robótica voltada para as ciências biológicas e foi objeto de apresentação dos alunos Pedro Paulo Medeiros de Morais e Manoel de Oliveira Salustino, do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Daura Santiago Rangel. Eles demonstraram, de forma prática em uma maquete construída com material reciclável, a importância da reutilização dos descartáveis como o lixo eletrônico, que é cada vez mais abundante na sociedade, usando ainda as fontes de energia renovável como eólica (energia dos ventos), solar e até mesmo a do hidrogênio.
“A reutilização de produtos descartáveis combinando com o uso das fontes alternativas de energia, abundantes em nosso Estado, é cada vez mais necessária”, destacaram os estudantes Pedro e Manoel em seu estande, que participaram pela primeira vez da feira científica na UFPB.
A professora de Biologia da Escola Estadual Daura Santiago Rangel, Juliana Pereira da Silva, que orientou três trabalhos da escola no evento deste ano, revelou que a feira funciona como intercâmbio de conhecimento para os alunos da educação básica. “A partir do momento que os alunos estão inseridos na feira, eles podem trocar ideias com outras pesquisas das demais escolas participantes, pois passam a compartilhar e aprender outras visões de mundo e do conhecimento científico”, avaliou.
Para Juliana, “os alunos que participam da Feira não apenas agregam um diferencial em seu currículo com as experiências acumuladas no estudo e pesquisa, mas definem muitas vezes o curso que querem seguir na universidade”, destacou.
Já a influência das séries norte-americanas (The O.C., OneTree Hill e Gossip Girl) no comportamento de jovens foi objeto de reflexão e de análise na pesquisa do aluno Elder Henrique de Pádua Santana, da Escola Daura Rangel Santiago. Ele avaliou como essas séries com os seus “cenários preestabelecidos e estereotipados” modificam comportamento de jovens em seu cotidiano tanto no ambiente escolar, nas tribos urbanas e até mesmo na relação familiar. “As séries buscam muitas vezes construir por meio da representação social as identidades do público jovem, criando pontes entre os personagens da série e o telespectador”, declarou Elder.
Para a professora de Sociologia da Escola Daura Santiago Rangel, Acsia Lino de Alencar Gregório, que orientou o trabalho de Elder Henrique, os encontros anuais na UFPB para jovens da educação básica servem como um despertamento inicial para a formação de pesquisadores. “Acredito que esses eventos abrem novas oportunidades. A educação não pode se limitar ao cotidiano da sala de aula como assistir às aulas, fazer os trabalhos e sair-se bem nas avaliações, mas precisa ser ampliada com os trabalhos e a formação de jovens pesquisadores. Esse desafio de formar cientistas e pesquisadores desde os primeiros anos do ensino médio na escola pública precisa ser cada vez mais priorizado por educadores e gestores do ensino médio para que a educação dê um salto de qualidade”, declarou.